Hierarquia e Costumes no local de trabalho

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Embora os cargos variem de acordo com a cultura e a estrutura administrativa de cada empresa, podemos apontar os seguintes termos básicos em relação à hierarquia dentro de uma firma japonesa:
  • Buchoo (部長) – Diretor responsável por uma divisão, que cuida das questões abrangentes, estratégicas da companhia.
  • Kachoo (課長) – Gerente, chefe de departamento
  • Shunin (主任) – Subchefe
  • Kakarichoo (係長) – Supervisor
  • Hirashain (平社員) – Funcionário comum
Nas fábricas, há ainda a figura do hanchoo (班長), que é o líder de uma determinada seção.
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Diferentemente do Brasil, em que o visual do diretor da fábrica (kojochoo 工場長) é o de terno e gravata, no Japão, é comum este dirigente trajar um uniforme de colarinho azul, com algumas variações sutis em relação ao do trabalhador comum, como uma tarja, cor, ou outro detalhe.
Um ponto importante a compreender é que o Japão é uma sociedade extremamente verticalizada, a ponto de existir a expressão tateshakai (sociedade verticalizada). Nos grupos sociais, hierarquiza-se, mesmo que informalmente, por idade, por tempo de serviço ou vínculo, por procedência, por modalidade de emprego etc. Embora não seja necessário nem recomendável assimilar automaticamente estes valores, pode ser útil tentar compreender, e respeitar, esta lógica no ambiente de trabalho e na sociedade em geral.


O escritório, ou a fábrica, é a síntese da sociedade japonesa hierarquizada a disposição das mesas e a distribuição dos funcionários reflete exatamente isto. No nosso caso era uma ampla sala quase o andar de um prédio médio, tipo 40 m por 25 m, longas mesas funcionavam como divisórias, quem se sentava à cabeceira era o Shunin (Chefe de seção) e quem se senta mais próximo dele é que lhe sucederá. Quanto mais longe dele, mais novo de empresa ou de função, eram os últimos da cadeia alimentar.
As mesas à frente destas mesas/divisórias, também revelam a hierarquia quanto mais central maior o cargo, as das extremidades eram de Katchos(Gerente acima dos chefes de seções) e se aproximando do centro as de Butchos (Diretores) até a central de RonButcho (Superintendente). Havia umas mesas isolada nas extremidades que eram ocupadas por aposentados, que se mantinham na ativa, muitas vezes sem remuneração, apenas para ir ao escritório e não ficar em casa.
O esta hierarquia social começa desde a escola, lá é incutida na criança a obediência, o garoto do 1º ano obedece ao do 2º e por ai vai. Isto facilita o controle social rígido a certeza de coesão e pouco ou quase nenhum questionamento, quer seja na escola ou no trabalho, muitas vezes via uns jovens, nas ruas, de cabelos espetados, roupas extravagantes, mas na segunda feira estavam lá sentados comportados no escritório.
A ascensão social na empresa era extremamente controlada, cargo a cargo, não tinha como “furar a fila”, mesmo que fosse mais brilhante, tinha que esperar as provas internas para se mudar de cargo, na época demorava até 9 anos para se subir de cargo. As provas para subir de cargos eram basicamente de língua japonesa, quanto maior cargo, mais e novas palavras tinham que ser incorporadas ao vocabulário, torna-se mais polido no trato entre si.
Espantava-me quando eles atendiam ao telefone e tinha uma seqüência de saudação: 1) Nome da Empresa somando ao sufixo San; Nome dele; 3) cargo que ocupava – pois isto definia a hierarquia da conversa, as palavras usadas e/ou a submissão de um ao outro, ou relação de iguais, inclusive até a hierarquia entre as empresas. Só uma observação atenta percebia-se estas sutis relações de poder e mando.
Outro costume que aprendemos é que aquele que visita tem que levar Omiaguê (presente) que também deve ser hierarquizado, não é pela razão de preferência sentimental e sim no âmbito corporativo de acordo com o cargo. Compramos vários litros de Uísque para os diretores, depois presentes menores até os tradicionais chocolates para os demais. Mas, não dar Omiaguê é uma ofensa.
Fonte:Ipcdigital / Crônicas do Japão

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